A ação humana tem desempenhado um papel significativo na intensificação da seca mais severa da história do Brasil, conforme análise do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Em 2024, a seca alcançou níveis inéditos de extensão e gravidade, afetando cerca de 5 milhões de km², ou 58% do território nacional. Diversos fatores contribuem para esse cenário, como a escassez de chuvas durante o período de El Niño, que impediu a recuperação dos mananciais e da umidade do solo, o início antecipado do inverno que intensificou a perda de umidade, as mudanças climáticas provocadas pelo aumento dos gases de efeito estufa e o desmatamento, que prejudica a retenção de umidade no ar e no solo.
Entre os biomas mais afetados, destacam-se a Amazônia e o Cerrado, onde estados como Mato Grosso, Acre e o oeste do Amazonas enfrentaram secas extremas em agosto de 2024. Municípios como Santa Isabel do Rio Negro, no Amazonas, e Apiacás, no Mato Grosso, registram longos períodos de seca severa, respectivamente há 12 e 10 meses. A previsão para setembro não traz alívio, com outras áreas do Amazonas e Mato Grosso também projetadas para continuarem enfrentando essas condições climáticas extremas.
Além da ação humana, eventos naturais também têm influência nas secas severas que afetam o Brasil. Embora o fenômeno El Niño tenha contribuído para a estiagem, a expectativa para setembro é a transição para o La Niña, caracterizado pelo resfriamento das águas do Pacífico, o que pode favorecer a retomada gradual das chuvas na primavera.