Vivemos em uma era em que a maldade parece ter crescido, infiltrando-se nas mais diversas esferas da sociedade. A inveja, um sentimento corrosivo que remonta ao desejo de possuir o que é do outro, tornou-se uma força para muitas ações. Pessoas que não suportam testemunhar o sucesso alheio lançam ataques, sejam eles velados ou explícitos, com o intuito de atrapalhar a vida do próximo. Essa atitude, contudo, aprisiona o invejoso em um ciclo de mediocridade, pois a energia que poderia ser usada para o próprio crescimento é desperdiçada na tentativa de destruir o outro.
Essa dinâmica perversa manifesta-se em todos os segmentos. Em ambientes religiosos, onde se esperaria a prática do bem, a inveja pode se fazer presente. No campo profissional, a competição por cargos e reconhecimento por vezes resulta no ataque a colegas que se destacam pela competência e não pela bajulação. Parece vigorar um “novo normal” em que a negligência e a justificativa para o erro são mais comuns que a busca pela excelência. Esse comportamento generalizado cria uma atmosfera de pessimismo, alimentando a ideia de que caminhamos para um declínio moral e social.
Diante desse cenário, surge o antigo questionamento: como sobreviver em um mundo tão perverso? Por que, muitas vezes, aqueles que agem com maldade parecem viver sem consequências aparentes? Essa mesma angústia foi expressa pelo profeta Jeremias, em um diálogo com Deus registrado no capítulo 12 de seu livro. Ele questiona a justiça divina ao observar a falta de problemas as pessoas que praticam o mal. A resposta que recebe é, ao mesmo tempo, um desafio e uma lição de perspectiva.
A resposta divina a Jeremias nos convida a uma profunda reflexão sobre nossa própria resiliência. Deus o questiona: “Se você se cansa correndo com homens, como poderá competir com cavalos?”. A mensagem é clara: as adversidades que enfrentamos são campos de treinamento. Para alcançar grandes objetivos e liderar, é preciso primeiro aprender a superar os pequenos obstáculos do dia a dia. Assim como um soldado não comanda uma tropa sem antes passar pelo rigor do treinamento e pela hierarquia das patentes, nós não podemos esperar gerir grandes vitórias se nós deixamos abater pelas intrigas e maldades cotidianas. A superação da maldade alheia começa no fortalecimento interior e na capacidade de transformar os desafios menores em degraus para o nosso crescimento.