Moradores de diversos bairros de Rio Branco enfrentam uma crise no abastecimento de água que já dura mais de nove dias. A causa imediata é a alta turbidez (excesso de lama e detritos) da água do Rio Acre, provocada por fortes chuvas, que impede o tratamento adequado. O Saerb informou que as estações não foram projetadas para tratar “lama” e, para garantir a qualidade mínima da água distribuída, precisou reduzir drasticamente a vazão, o que impactou diretamente o fornecimento na capital.
O diretor-presidente do Saerb, Enoque Pereira, explicou que a turbidez se mantém em níveis extremos (acima de 1.000 unidades) por um período anormalmente longo. Ele também apontou o desperdício de quase 50% da água produzida como um fator agravante, afirmando que o uso consciente poderia evitar a escassez. Bairros que dependem de estações específicas são os mais afetados, com algumas áreas tendo o fornecimento reduzido de 24 para 16 horas. A expectativa do órgão é que a situação comece a normalizar assim que o tempo firmar.
A Defesa Civil Municipal, no entanto, alerta que o problema é intensificado por graves questões ambientais. Segundo o Tenente-Coronel Cláudio Falcão, o desmatamento das matas ciliares (vegetação que protege as margens) é a causa raiz. Sem essa proteção, as frequentes oscilações no nível do rio carregam um volume muito maior de sedimentos para a água, tornando o tratamento cada vez mais difícil e evidenciando a necessidade de ações contra a degradação ao longo do curso do Rio Acre.