O levantamento “Cartografias da Violência na Amazônia”, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, revela um cenário alarmante: facções criminosas estão presentes em todos os 22 municípios do Acre. O Comando Vermelho (CV) consolidou sua hegemonia, atuando em todo o território estadual e exercendo controle exclusivo em 17 cidades. Nos demais municípios, o domínio é disputado com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a facção local Bonde dos 13 (B13).
Rio Branco é apontada como o epicentro desses conflitos, sendo palco de disputas territoriais violentas entre as três organizações. O B13 mantém resistência em bairros populosos e estratégicos da capital, como Cidade do Povo e Belo Jardim, enquanto o PCC foca sua atuação em rotas logísticas e de fronteira, como Brasiléia, Epitaciolândia e Sena Madureira. Nessas localidades onde coexistem múltiplas facções, os índices de instabilidade, ameaças e confrontos são significativamente maiores.
O estudo vincula essa expansão à geografia estratégica do Acre, que se tornou um corredor vital para o narcotráfico internacional. Com o aumento da fiscalização aérea, o transporte de drogas migrou para a via fluvial, especialmente pelo Rio Juruá, utilizado para escoar cocaína peruana e skunk colombiano rumo a Manaus. Esse fluxo logístico fortaleceu o domínio das facções, transformando a região em rota essencial para o crime organizado na Amazônia.
