Em 2024, o Acre recebeu R\$ 48 milhões referentes ao seguro-defeso, benefício pago a pescadores artesanais durante o período de proibição da pesca para garantir a reprodução das espécies. O estado apresenta uma das maiores proporções de pescadores registrados no país, com 17,63 por mil habitantes. No entanto, levantamentos apontam que quase 90% do pescado consumido localmente vem de fora, principalmente do Amazonas e Rondônia, revelando baixa produção interna.
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), em parceria com o Ministério da Pesca e a Controladoria-Geral da União (CGU), identificou indícios de irregularidades no Acre e em outros seis estados. No território acreano, as investigações se concentram nos municípios de Rodrigues Alves e Mâncio Lima, no Vale do Juruá, onde, junto com Cruzeiro do Sul, foram registrados quase 70 mil pagamentos do benefício em cinco anos. O número elevado de beneficiários contrasta com a reduzida oferta de pescado na região.
Atualmente, cerca de 9,5 mil pescadores estão cadastrados para receber o seguro no Acre, com exceção de Jordão e Santa Rosa do Purus, que não possuem beneficiários. A auditoria busca apurar fraudes como o cadastro de pessoas que não exercem atividade pesqueira. Em nível nacional, o programa custou R\$ 5,9 bilhões em 2024, e denúncias de registros incompatíveis com a realidade pesqueira têm levantado suspeitas de fraude em diversas cidades do país.