O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), tem avançado de forma significativa nas ações de rastreamento e diagnóstico do câncer de próstata. O aumento no número de diagnósticos registrados nos últimos cinco anos reflete a ampliação do acesso aos serviços e a reestruturação das políticas voltadas à saúde do homem, especialmente após o período de restrição provocado pela pandemia da covid-19.
De acordo com dados da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), o Acre passou de 37 diagnósticos de câncer de próstata, em 2020, para 85 casos registrados até julho de 2025. Embora os números representem crescimento, o cenário é interpretado como resultado direto do fortalecimento da rede assistencial e da retomada dos exames preventivos em todo o estado.

O oncologista Rafael Carvalho, da Unacon, explica que o aumento das notificações está relacionado à melhora do acesso à saúde, e não a um avanço real da doença na população. “Entre 2020 e 2021, houve uma queda nas consultas e exames de rastreamento, já que muitos homens deixaram de procurar atendimento durante a pandemia. Com a retomada dos serviços e o reforço das ações de prevenção, a curva voltou a subir, refletindo a recuperação da vigilância e do diagnóstico precoce”, destacou.
Um dos marcos dessa reestruturação foi o restabelecimento do serviço de biópsia de próstata na Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre), reativado em 2024. A medida, fruto de parceria entre a Sesacre e a própria instituição, devolveu aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) o acesso regular ao procedimento, essencial para confirmar o diagnóstico.
“A reativação da biópsia foi um passo fundamental para normalizar o fluxo diagnóstico. Hoje, mais pacientes conseguem realizar o exame e confirmar precocemente a doença. O aumento de registros significa que estamos no caminho certo, oferecendo mais oportunidades de diagnóstico e detectando mais precocemente”, explicou Rafael.

Diagnóstico precoce é fundamental
O câncer de próstata é o tipo mais comum entre os homens brasileiros, depois do câncer de pele não melanoma. Quando diagnosticado precocemente, as chances de cura ultrapassam 90%. A detecção antecipada é essencial para garantir melhores resultados no tratamento e preservar a qualidade de vida dos pacientes.
Um dos principais desafios, segundo o urologista Denis Tomio Fujiike, ainda é vencer o preconceito e incentivar os homens a procurarem o médico regularmente. “O rastreamento é feito com dois exames simples: o de sangue, conhecido como PSA [Antígeno Prostático Específico], e o toque retal. Ambos são rápidos e devem ser realizados anualmente. Homens sem fatores de risco devem procurar o urologista a partir dos 50 anos e aqueles com histórico familiar ou da raça negra, a partir dos 45”, orienta.
O médico reforça que o toque retal é um exame rápido, seguro e indispensável. “Na urologia, ajuda no rastreamento do câncer de próstata e deve ser feito anualmente pelos pacientes com idade indicada. O diagnóstico precoce sempre deverá ser buscado, pois aumenta a chance de cura nos diversos tumores urológicos, incluindo o câncer de próstata. Não espere sentir dor para buscar avaliação”, completa.
Fluxo de atendimento e acesso gratuito pelo SUS
O coordenador estadual de Saúde do Homem, Johnatan Paiva, reforça que o objetivo da Sesacre é despertar a consciência sobre a importância do autocuidado e promover o acesso facilitado aos serviços de saúde. “O câncer de próstata, quando identificado precocemente, tem grandes chances de cura. Por isso, nossa missão é ampliar o alcance das ações preventivas e quebrar o estigma que ainda faz muitos homens evitarem o médico. A prevenção deve ser encarada como um ato de responsabilidade e amor à própria vida. Cuidar da saúde é cuidar da família e de quem depende de nós”, afirma.
Johnatan explica ainda que o trabalho da coordenação envolve desde campanhas de orientação nas comunidades até o apoio técnico aos municípios: “Estamos ampliando as ações nas regionais e fortalecendo as parcerias com as equipes da atenção primária. A meta é garantir que cada homem, independentemente da cidade onde viva, tenha acesso a consultas, exames e informações que possam salvar vidas”.

Mutirão Novembro Azul na Fundhacre



