Em Rio Branco, no Bairro Irineu Serra, há 14 anos o movimento cultural Baquemirim apóia grupos tradicionais de folguedos, que unem diversas linguagens como dança e música. Marujada Esperança, Banda Uirapuru, Escola de Baques e Flautas, Dona Francis Nunes, Pedro Sabiá, Raimundo Marques jovens compositores indígenas – os Txanás, são alguns deles.
No dia 25 de novembro próximo o Baquemirim realiza o Festival Aquiri – Cantos e Baques da Floresta, no Anfiteatro Garibaldi Brasil, na Universidade Federal do Acre – UFAC, e contará com uma programação diversificada ao longo de todo o dia, com apresentações de mestres e mestras da música e da dança acreana.
Existem culturas invisibilizadas: a dos seringueiros, dos indígenas e dos povos da floresta, no Acre, por exemplo. Esse é um trabalho com a cultura dos povos silenciados. O Festival é uma pequena mostra das vozes da floresta, da música dos mestres e mestras, que estão no mundo todo e o Acre não conhece.
Para o Baquemirim, o Festival Aquiri é uma celebração, um momento de festa, tendo como protagonistas artistas que cantam, dançam, cozinham, tecem, pintam e vêm de vários pontos do estado do Acre.
Uma das atrações do Festival, o Boi Carion, vem do Município de Mâncio Lima, e guarda em seus enredos, semelhança com os reisados do Rio Grande do Norte.
Outra atração, do Vale do Juruá, será Txai Macêdo, de Cruzeiro do Sul, que canta os rios da floresta, frutos de suas viagens como indigenista ao longo da vida e fará a penúltima apresentação da noite.
Encerra a primeira edição do Festival Aquiri, Dona Zenaide Parteira, descendente do Povo Ashaninka, que compõe suas músicas para as crianças que vêm ao mundo pelas suas mãos.
A missão da entidade é salvaguardar a cultura acreana através da música e da luthieria (arte da construção de instrumentos musicais), com a integração das diferentes gerações e atividades de educação e preservação da memória.
A realização desse primeiro Festival é uma forma de mostrar a cultura não urbana, com as características da região amazônica, por vezes esquecidas no próprio estado.
Fundado em 2007, apenas em 2019 o Baquemirim se constitui em uma Organização da Sociedade Civil – OSC, apoiada pelo Instituto Nova Era, instituição socioambiental, também voltada para educação e cultura.
“O Baquemirim é um projeto de descolonização. A ideia é dar voz, dar lugar de fala para esses artistas excluídos. São mestres e mestras que ficaram muito tempo desvalorizados e discriminados e por essa razão o fazer artístico deles foi ficando fragilizado, e é isso que a gente tenta reconstruir”, explica Alexandre Anselmo, fundador da entidade.