
Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Brasil a partir do Censo Demográfico de 2022. Os números apontam que 1,2% da população brasileira é diagnosticada com o transtorno, o equivalente a 2,4 milhões de pessoas. No Acre, o percentual é maior: 1,6% dos habitantes, o que representa mais de 13,2 mil pessoas.
O estudo também mostrou que o diagnóstico é mais comum entre crianças e adolescentes, especialmente na faixa etária de 5 a 9 anos, em que 2,6% já tiveram a confirmação do TEA.
A psicóloga Ghabriely Freitas, que atua há seis anos na área, reforça a importância do diagnóstico precoce.
“Esse diagnóstico ajuda a criança a ter um melhor desenvolvimento. Se ela é diagnosticada aos três anos, antes de ingressar na escola, pode ter acompanhamento fonoaudiológico e chegar com melhores condições de fala, evitando prejuízos no futuro.”
Ela também chamou atenção para o suporte psicológico não apenas às pessoas com TEA, mas também às famílias.
“É muito importante o apoio, tanto para os pais e mães atípicos, quanto para a criança ou adolescente autista. Muitas vezes a sociedade julga, acha que é birra ou falta de educação, quando na verdade se trata de uma condição que precisa ser compreendida e acolhida.”
Outro dado do IBGE mostra que 36,9% da população com TEA no país está escolarizada, índice acima da média nacional. No entanto, especialistas alertam que matrícula não significa inclusão.
A psicopedagoga Mayara Nogueira explica que a falta de mediadores especializados compromete o processo de aprendizado.
“Estar matriculado não é inclusão. Muitas vezes o governo coloca um mediador para quatro alunos com diferentes necessidades, o que inviabiliza o suporte adequado. É fundamental ter profissionais especializados dentro da sala de aula, porque nem todo atraso na fala ou comportamento é sinal de autismo. A gente precisa identificar pelo menos cinco características para chegar a um pré-diagnóstico, e o laudo final é dado pelo neurologista.”
Mayara também denuncia a ausência de políticas públicas que garantam apoio às pessoas com TEA no Acre. Segundo ela, a Associação Família Azul do Acre, que atende mais de 500 pacientes, pode fechar as portas por falta de recursos.
“A Associação dos Autistas do Acre, infelizmente, está sem verba, sem política pública. Aqui há psicólogos, neuropsicólogos, psicomotricistas e profissionais de diferentes áreas, mas precisamos que o governo e o município olhem para essa associação. Há contas de luz, aluguel, piscina terapêutica e atendimentos que estão em risco. A entidade necessita de apoio para ontem.”
Por: Agazeta.net