A data de 2 de abril foi reservada para o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A ideia é sensibilizar a sociedade sobre o tema e combater o preconceito contra essas pessoas, que não possuem uma doença e, sim, um transtorno do neurodesenvolvimento que prejudica a comunicação verbal e não verbal do paciente.
Ainda há muito preconceito em relação ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). E tanto os pais de crianças autistas quanto os profissionais especializados no tema são taxativos: quanto mais a sociedade souber sobre o assunto, mais o paciente terá conforto em meio à sociedade, um maior desenvolvimento e uma melhor integração.
Tainá Andrade Paiva, mãe de Daniel, 9 anos, percebeu que o filho apresentava comportamentos suspeitos entre o quarto e sétimo mês de vida, como não sentar, por exemplo. Ao consultar uma neurologista, confirmou que ele tinha um atraso neuropsicomotor. “Foram meses, anos de exames e mais exames e nenhum deles mostrou nada. E nesse tempo ele continuou fazendo as terapias. Com cinco anos, foi fechado o diagnóstico de autismo, que é um diagnóstico clínico, pois não há exame que mostre isso”, conta Tainá.
A mãe de Daniel explica que tanto os pais de crianças autistas quanto o restante da sociedade precisam se inteirar melhor sobre o tema, uma vez que essas crianças têm justamente problemas de comunicação e interação, necessitando do apoio de todos ao redor.
“Quanto mais a gente falar sobre isso, mais conhecido vai ser e deixa de ser um tabu para muitas pessoas. Hoje, infelizmente, para os dois lados, tanto para os pais que têm crianças com autismo, muitas vezes não aceitam e acabam muitas vezes escondendo, porque o filho dá trabalho, não sai de casa. E da mesma forma para a sociedade entender que isso está cada vez mais normal, cada vez mais comum. Quanto menos preconceito, quanto mais se falar disso, mais fácil para as crianças evoluírem”, destaca Tainá.
Como o TEA não é identificado por exames, muitas vezes o diagnóstico é complicado e demorado, necessitando uma equipe multidisciplinar para confirmar o transtorno, como neurologistas, psiquiatras, psicólogos e fonoaudiólogos. Os pais que perceberem sinais característicos dessa condição devem procurar atendimento.
No diagnóstico é detectado se o paciente possui características que envolvam prejuízos na interação social, na linguagem ou comunicação, e se há padrões repetitivos de comportamento. A orientação é para que os pais, professores e responsáveis procurem auxílio médico quando há os seguintes sinais:
- Pouco contato visual
- Não interagir com outras pessoas
- Bebês não imitam comportamento adulto.
- Não atender quando chamado pelo nome
- Falta de interesse em brincadeiras coletivas
- Atraso na fala
- Ausência de gestos para se comunicar (como apontar)
- Não brinca de faz de conta
- Movimentos estereotipados e incomuns.
Segundo Rita Tiagor Campos, neuropediatra do Instituto Jô Clemente, que atua na defesa e garantia de direitos das pessoas com deficiência intelectual, além desses fatores os pais e responsáveis devem observar comportamentos sensoriais incomuns na criança, como se incomodar com barulhos e não gostar de carinho.
“A criança autista muitas vezes tem uma dificuldade sensorial. Ela se incomoda excessivamente com barulho, ela não tolera muito o toque, seleciona os alimentos com base no cheiro, com base na textura, e isso acaba dificultando ainda mais a interação. No caso de a criança apresentar esses sinais, vale a pena conversar com um pediatra, buscar uma avaliação para que a gente possa avaliar se isso está causando algum transtorno do espectro autista”, explica a especialista.
Não há medicação para o TEA, mas há casos em que são necessárias medicações para controlar quadros associados ao autismo, como insônia, hiperatividade, impulsividade, irritabilidade, atitudes agressivas, falta de atenção, ansiedade, depressão, sintomas obsessivos, raiva e comportamentos repetitivos.