Durante uma assembleia geral nesta terça-feira (25), os educadores decidiram por 52 votos a 33 que o retorno das aulas deve ser condicionado à assinatura do documento, no qual a administração da Ufac deve se comprometer a atender as pautas locais.
O termo de compromisso apresentado pela Adufac elenca 37 itens. São exigências administrativas, educacionais e sociais.
Entre elas, os docentes pedem que seja revisto o plano diretor da universidade, que sejam revogadas resoluções que implementam cobrança de taxas para alguns serviços na instituição, cobram a construção de creche para receber os filhos de docentes e técnicos, melhoria da conexão de internet nos campi, contratação de mediadores para auxílio a estudantes com deficiência, contratação de cuidadores para atuar no Colégio Aplicação e outras.
De acordo com a porta-voz do comando de greve local, professora Raquel Ishii, o item que pede o fim da cobrança de taxas se refere à exigência de pagamento para emissão de documentos e uso de espaços como auditórios, o que vai contra o estatuto da instituição.
Segundo a professora, as propostas feitas pelos docentes visam melhorar as condições de trabalho, mas também afetam toda a sociedade.
“Por exemplo: reivindicar a publicação anual de editais de pesquisa e extensão, significa o financiamento de bolsas para estudantes. De igual modo, lutar pela contratação de equipe de apoio à inclusão, interfere diretamente na qualidade da aprendizagem dos estudantes. Quando reivindicamos a construção de uma creche, pensamos em um espaço de formação para atuação dos estudantes de pedagogia, medicina, enfermagem e outros exercerem componentes práticos do currículo, mas, a creche vai também permitir que mães – sejam alunas, professoras ou técnicas – não desistam do trabalho ou dos estudos”, afirmou.
Ao g1, a assessoria de imprensa da Ufac informou que a instituição respeita as decisões dos comandos de greve, tanto local quanto nacional. Não foi informado, porém, se a reitoria irá assinar o documento proposto pela Associação dos Docentes da Ufac (Adufac).
Decisão nacional
Os professores das universidades federais decidiram no último domingo (23) encerrar a greve nacional dos docentes, deflagrada em abril deste ano em instituições de ensino superior de todo o país.
A decisão foi tomada após a conclusão de assembleias estaduais, que reuniram maioria de votos a favor da proposta de reajuste enviada pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no início deste mês.
Segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), o comando nacional da greve decidiu encerrar as paralisações a partir desta quarta-feira (26) — quando a entidade deve assinar um acordo junto ao Ministério da Gestão e Inovação a fim de consolidar os termos da proposta.
As paralisações deverão ser completamente finalizadas até o próximo dia 3 de julho, ainda de acordo com a entidade.
O retorno às aulas dependerá, no entanto, da decisão interna de cada instituição federal de ensino. Caberá às universidades definir o próprio calendário acadêmico.
Antes do anúncio do Andes-SN, outras categorias envolvidas na greve da educação federal também decidiram encerrar as paralisações (entenda abaixo). Somente os técnicos-administrativos ligados às universidades federais ainda não aceitaram o acordo.
Greve da rede federal
Servidores da educação de mais de 40 universidades e institutos federais estão em greve.
A decisão deste domingo põe fim a uma greve que durou mais de 60 dias. Também confirma um movimento de abandono à paralisação por parte de professores de instituições do país.
Até este domingo, de acordo com a entidade que representa os docentes, 55 universidades ainda enfrentavam greves.
Ao longo da última semana, no entanto, diversas instituições deram sinalizações de que deixariam o movimento e aceitariam os termos da proposta de acordo enviada pelo governo. Foi o que aconteceu, por exemplo, com os docentes da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que decidiram retomar as aulas.
Neste domingo, antes do anúncio dos professores das universidades federais, outras categorias também decidiram encerrar a paralisação.
Segundo o sindicato que representa as categorias, a greve nos IFs deve ser encerrada no próximo dia 26, com a assinatura de um acordo junto ao Ministério da Gestão.
Além dessas categorias, técnicos-administrativos vinculados às universidades federais também entraram em greve no início de abril. A classe foi a única a rejeitar, no último dia 21, a proposta de reajuste encaminhada pelo governo.
A Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra) deve se reunir nesta segunda (24) para reavaliar as estratégias em relação à categoria. O Ministério da Gestão e Inovação espera concluir todas as negociações até esta quarta (26).
Reajuste
A proposta acatada pelos professores das federais prevê reajustes em 2025 e 2026, com percentuais diferentes para cada classe profissional.
O acordo proposto pelo governo ainda prevê a revogação de uma portaria, editada em 2020, que elevou a carga horária mínima semanal para professores.