
Quinze anos de história encerrados em poucos segundos. Esse é o drama do casal de aposentados Raimundo Batista, de 92 anos e Jesuína da Silva Dias, 87 anos. Moradores da Rua Poços de Caldas, no bairro Cidade Nova, em Rio Branco, os dois perderam a casa e tudo que tinham nela em um deslizamento de terra nesta quinta-feira (14) .
A região afetada pelo deslizamento fica às margens do Rio Acre e foi uma das mais atingidas na última enchente histórica do Rio Acre. Agora, com a descida acelerada do nível do rio, que saiu de 17,89 metros em 6 de março para 8,97 metros na sexta (15), a área registrou o deslizamento.
Em 15 anos, esta foi a quarta vez que eles tiveram de sair de casa para buscar abrigo com os filhos. Como nas alagações anteriores o transtorno tinha sido passageiro, eles acreditavam que estariam seguros para voltar com a baixa do rio.
Os dois, então, voltaram para casa na quarta (13), e menos de 24 horas depois, enquanto organizavam a mudança de volta, perceberam que a casa desmoronaria.
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Raimundo Batista chora ao falar do ocorrido — Foto: Melícia Moura/ Rede Amazônica
“Nós tínhamos tudo na cozinha e a gente andava de lá pra cá. Foi assim, um vento, assim, um vento, de repente. Nós corremos, com tudo. A gente foi parar lá na rua. Foi rápido”, conta Batista.
Enquanto via tudo que tinha se perder, o aposentado sentiu o desespero aumentar ao se dar conta que poderia ter perdido ainda os R$ 2,5 mil que estavam guardados na gaveta de um armário na cozinha.
“Naquele momento se foi tudo, até a esperança de dias melhores”, relata emocionado. Para a sorte dos aposentados, após o incidente, um dos filhos deles conseguiu encontrar o dinheiro ao cavar o local do desmoronamento.
Jesuína narra que achava que a visão estava turva no momento do desmoronamento, ao sentir a estrutura balançar.
“Eu estava na cozinha e fui olhando para a cerca, vi balançando e pensei: ‘Que negócio é esse? É a minha vista?’. Aí eu vi o barranco começando a cair, chamei ele [esposo] e depois a gente viu que a casa ia cair. Aí eu chamei ele e gritei: ‘vamos embora a casa vai cair’”, explica.
A dona de casa afirma que os dois ficaram apenas com a roupa do corpo. Ainda assim, ela é grata por não ter acontecido nada pior. “Foi tudo, não tem mais nada, mas seja o que Deus quiser. Se Ele permitiu né?!”, disse Jesuína.